Cabelos grisalhos e na casa dos 75 anos. Era invisual. O ar falatva-lhe.
A respiração era incerta e a voz quase que lhe fugia da garganta.
A ansiedade apoderara-se dela e o negativismo instalara-se.
Olhei-a fixamente e enviei-lhe todo o amor que naquele momento possuia dentro de mim.
LUZ!
Muita luz também encaminhei para aquele ser tão frágil, tão débil. Preferiu ir sentada a deitada. Concordei com a decisão dela e juntei a minha mão com a dela.
Unimo-nos juntas ao Universo. O mundo parou. Deixou de conspirar. Coloquei a minha mão nas suas costas, como se de um abraço se tratasse.
- D. Júlia, cheire uma rosa e sopre uma vela! - disse-lhe.
E ela seguiu a minha sugestão com algum esforço de pensamento.
- Sou cega, minha Senhora. - disse-me.
Fiquei sensibilizada. Até então não tinha percebido!
- D. Júlia, tão importante do que VER é SENTIR. Consegue sentir as minhas mãos? - Retorqui-lhe.
- Sim, estão muito quentes. - Respondeu-me.
No percurso para o Hospital conversámos sobre a beleza e a essência das pessoas. Concluímos que o exterior é algo passageiro e que o fundamental é aquilo que levamos conosco ao longo da nossa caminhada.
ERA, É...uma pessoa muito bonita! Carente de afecto, talvez! Entreguei-lhe todo o meu SER naquele percurso...amei-a de forma profunda, desejando que o ar voltasse a invadir aquele órgão tão "oco" de AMOR!
Aos poucos...o AMOR foi entrando através das suas narinas...os pulmões inspiraram e expiraram AMOR...e quando a olhei fixamente, questionei-me se de facto era mesmo ela.
Respirava com naturalidade e sem muito esforço consegui roubar-lhe um SORRISO! :)
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